História: a evolução dos capacetes de motocicletas

Atualmente parece impossível pensar em pilotar uma motocicleta antes de procurar bons capacetes, não é mesmo? Mas nem sempre foi assim: quando o veículo foi inventado, os motociclistas sentiam todo o vento, o rosto e cabelos, mas, apesar da sensação de liberdade, veio também o risco de se acidentarem.

E esse foi um dos principais motivos pelos quais os capacetes se tornaram obrigatórios para os amantes de velocidades sobre duas rodas: uma das versões da história conta que, em 1935, um motociclista não conseguiu se desviar de dois ciclistas e acabou sendo arremessado da sua moto.

Infelizmente, após seis dias internado, Thomas Edward Lawrence faleceu e então o neurocirurgião Hugh Cairns iniciou uma pesquisa sobre “Perda desnecessária de vidas por pilotos de motocicleta devido a ferimentos na cabeça”, segundo o site Plastivida.

Desde então, o uso dessa peça essencial virou lei em vários países e salva muitas vidas! Confira a história dos capacetes do início até agora!

A origem do nome

Apesar de ser algo relativamente novo para as motocicletas e bicicletas, os capacetes tiveram inspiração nos elmos que soldados utilizavam em guerras. Em inglês, a palavra Helm (elmo), deu origem a Helmet (capacetes).

Já Capacete, tem origem, conforme o site Ciclomania, no Catalão Cabasset, que além de significar Proteção para cabeça, remete ao Latim Capaceum, que era uma cesta para usar frutas, com o formato parecido com os capacetes de hoje em dia.

A evolução do capacete

No ciclismo era bem comum que os ciclistas tivessem que proteger suas cabeças de maneira artesanal, o que nem sempre era uma boa ideia. Já em 1880, os primeiros modelos padronizados surgiram: utilizavam cortiça revestida de couro. 

No início de 1900, eles se tornaram mais leves e ganharam o apelido de Hairnets (redes de cabelo) devido ao formato: uma tira de lã revestida de couro ao redor da cabeça e no topo. Já com as motos, demorou um pouco até que utilizassem proteção.

Após o fatídico acidente com o motociclista que deu origem ao estudo do Dr. Cairns, os primeiros motociclistas a fazerem o uso dos capacetes foram os soldados do exército inglês.

Os primeiros modelos foram confeccionados em Lona e Goma-Laca, que dava um acabamento duro e forte. Além dessas propriedades, a Laca é insolúvel e ideal para serem utilizados em climas variados.

Depois desses testes, o couro foi o material escolhido, o que não conferia muita segurança, já que o material não é suficientemente resistente para preservar o motociclista de colisões, mas evitava ferimentos mais leves.

Um marco na história dos capacetes foi quando Giacomo Agostini usou um acessório cobrindo toda a cabeça, como os de hoje  em uma corrida oficial, no ano de 1967. Mas, até os anos 70, os amantes de veículos com duas rodas testaram outros tipos de proteção, como capacetes de hockey, hipismo e montanhismo. 

Todos foram reprovados, pois, eram pesados, protegiam uma área menor ou até obstruíram a respiração.

A padronização

A empresa Bell Helmets foi a primeira a pesquisar modelos eficazes de capacetes, já que os desenvolvidos anteriormente pesavam muito e não permitiam a circulação de ar, ou seja, fazia muito calor.

Isso aconteceu em 1974, após a Associação de Ciclistas da Área de Washington perceber que não havia padronização nenhuma e os acidentes fatais aumentavam consideravelmente. 

O Bell Biker utilizava Poliestireno Expandido para proteger do impacto, além de entradas de ar. O EPS é até hoje utilizado em vários modelos sendo revestidos de plástico ABS, fibra de vidro ou até mesmo Kevlar, uma fibra sintética leve, resistente ao calor e mais resistente que o aço. Esse material é utilizado na construção de aeronaves e até mesmo em coletes à prova de balas.

No Brasil

No início do século XX, em terras brasileiras, ainda pouco se falava das motocicletas. Um dos primeiros registros que o site Motostory conta foi o do periódico FonFon que falava sobre todo tipo de veículo e a fotografia de Antonio Lage, um dos primeiros motociclistas do Brasil, com o capacete de couro em 1910.

Já O Guidão e Motociclismo tratavam especificamente de motos e, registros mostram que, um modelo de capacete mais resistente se fazia presente, assim como na imagem de Edgar Soares e Franco Bezzi (segurando o acessório), filho de Luiz Bezzi, campeão de motociclismo por sete vezes (nos anos de 37, 39, 52, 54, 56 e 59) e criador do Santos Moto Clube.

De acordo com a passagem dos anos, percebemos que as tendências mundiais com relação à segurança também chegaram ao Brasil, afinal, registros mostram que os pilotos (principalmente os competidores), utilizavam os mesmos modelos que eram popularizados no exterior. 

Já para os entusiastas e curiosos, o acessório nem sempre era utilizado, até que, por uma lei, os capacetes tornaram-se obrigatórios no território nacional.

Antonio Lage - 1910

Legislação Brasileira

Cada lugar do mundo possui sua própria lei sobre o uso de capacetes e aqui no Brasil esse acessório precisa seguir uma série de normas descritas no NBR/ABNT 7471, além da certificação do INMETRO.

A pessoa que quer se aventurar sobre duas rodas motorizadas também deve saber que, no país, o item é obrigatório por lei, que se estende ao passageiro. Desde 1997, é proibido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) pilotar ou pegar carona sem o acessório. O piloto perde 7 pontos na CNH e deverá pagar R $293,47 de multa, podendo perder o direito de dirigir.

Os capacetes, tanto do motorista como do passageiro deverão estar em bom estado de conservação (sem rachaduras ou partes quebradas) e serem utilizados com a viseira abaixada. Para quem usa óculos, esta deverá ser adaptada às necessidades.

Modelos de capacetes para motos

Atualmente são vários os modelos fabricados e comercializados. Porém, o motociclista deve ficar atento aos que são certificados pelo INMETRO. Por exemplo, o estilo coquinho é proibido por não proporcionar proteção abaixo da orelha e não possuir viseiras.

Para se manter seguro, os modelos abaixo são os mais indicados:

  • Capacetes abertos sem proteção para o queixo. Neste caso, o motociclista é obrigado por lei a usar proteção para os olhos e queixo; Capacetes fechados. Oferece maior proteção, já que o casco continua após a viseira e cobre toda superfície da cabeça
  • Robocop/ Capacetes articulados possuem proteção de queixo removível sendo utilizado pela ROCAM. Facilita o contato com outras pessoas, já que não é necessário retirá-lo para falar;
  • Capacetes off-road possuem proteção para o queixo, mas sem viseira. Devem ter o acessório obrigatório e são ideais para trilhas;
  • Capacete Racing são aerodinâmicos;
  • Bubble Helmet possui um estilo vintage e cobre quase todo rosto.

Outro ponto que deve ser observado e levado a sério é o tempo de uso dos capacetes: o recomendado é que eles sejam trocados a cada três anos devido ao desgaste da espuma, que em hipótese nenhuma deve ser retirada! E lembre-se: o uso dos capacetes é obrigatório em todo país!

Outras fontes: https://helmets.org/history.htm